Série: Casas, 2024 (#1 a #10)

Só as casas explicam que exista uma palavra como intimidade” Ruy Belo

  • Casas #1: Aquarela e acrílica sobre papel Fabriano, 99.5 x 71 cm
  • Casas #2: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 56 x 75 cm
  • Casas #3: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 46 x 61 cm
  • Casas #4: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 61 x 46 cm
  • Casas #5: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 61 x 46 cm
  • Casas #6: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 51 x 36 cm
  • Casas #7: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 51 x 36 cm
  • Casas #8: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 45.8 x 31.7 cm
  • Casas #9: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 46 x 29.4 cm
  • Casas #10: Aquarela e acrílica sobre papel Arches, 29.7 x 42 cm

Peça de arte autêntica

Suporte a artistas emergentes

7 dias para devolução

Só as casas explicam que exista uma palavra como intimidade” Ruy Belo

A casinha de palitos, desenhada a lápis de cor, um retângulo meio desarrumado, um telhado meio triangular, perdida em uma paisagem qualquer, com sol e nuvens ao fundo. Ao lado uma família de bonecos palitos, com suas cabeças redondas, acenando e sorrindo e muitas vezes maiores do que a própria casa.

Essa é a descrição de quase toda memória humana sobre seus primeiros desenhos gráficos.

A casa, a família, a paisagem.

Três elementos que nos rodeiam por toda a vida, e também pela minha. Será que é possível passar pela experiência humana evitando esses elementos? Não creio...

Parece que desde sempre é o que ansiamos: um teto, um telhadinho inclinado, uma janela talvez aberta, e amigos ou família por perto.

Esse é o ponto de partida da pesquisa e execução dessa série. Tudo começou, mais uma vez, com um caderno de aquarelas, onde casas que surgiam nos meus percursos reais ou digitais, passaram a ser registadas.

Essas casas pediram espaço, saíram do caderno e começaram a se agrupar em pinturas maiores, se conectando ou se desconectando entre elas, através de pontes, passagens, escadas, túneis.

Nas pinturas apenas elas, sem qualquer menção às figuras humanas, que certamente estiveram ou ainda estão por lá. Manchas em ondas sinuosas tapam o que foi, ou revelam o que está por vir.

As casas, assim desenhadas e confusas, são uma espécie de tributo à nossa maior busca, um lugar seguro nesse mundo, nessa existência.

Uma casa deveria ser o preceito básico, o ponto inicial de nossa dignidade, mas cada vez mais se torna um luxo. Por diversas questões, desde aspectos político e sociais, até às consequências cada vez mais intensas do nosso descaso com o planeta, casas estão se tornando privilégio. Moradias estão cada vez mais ameaçadas, nos tornando ainda mais distantes daquele primeiro ideal de infância.

Se é entre quatro paredes que tornamos possíveis nossas conexões mais íntimas, nossas dores mais profundas, nossos segredos mais bem guardados e nossas memórias mais preciosas, como será possível viver sem elas?

Não estamos preparados para o relento que cada vez mais se espalha pelo mundo.

Essas casas, cidades e caminhos imaginários que surgem nessas pinturas podem ser o que foi, o que deixará de ser ou o que será. Esse grande “mapa imaginário” é um convite a pensar junto, a abrir comportas da imaginação para novas formas de viver possíveis em meio a tempos “tão interessantes”.

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