Dentro das cores vibrantes e expressões contundentes, adentramos em um universo onde o imaginado se funde com o concreto, onde encontros fortuitos desenham paisagens de pensamento e emoção.
Na próxima exposição do Coletivo Amarelo, damos espaço ao mundo multifacetado do artista e ator Chico Diaz, cuja arte navega pelas correntes misteriosas de um real imaginário, pintando o visível e o invisível com igual paixão e curiosidade.
Inspirada na visceralidade dos “encontros” descritos por João Fiadeiro e Fernanda Eugénio, esta exposição convida-nos a explorar “feridas” que nascem de acidentes, do inesperado, e que, em sua sutil brutalidade e delicadeza, expandem os domínios do possível e do pensável.
Tais encontros, essas confluências inesperadas, formam o cerne da obra de Diaz, um artista cuja prática se desenrola num constante diálogo entre a busca e o encontro, entre a percepção e a criação.
Chico Diaz, pintor desde a infância e autodidata por excelência, entrelaça as narrativas oníricas com a física das emoções e da realidade. Seu trabalho não é confinado por fórmulas ou preceitos rígidos, mas flui, imprevisível e inquietante, sempre em busca de novos significados, novos caminhos, novos “reais-imaginários” que emergem do seu próprio inconsciente e do mundo que o rodeia.
Diaz não apenas ilustra, mas molda e constrói realidades alternativas através de sua arte, convidando-nos a uma imersão em paisagens onde o místico e o terreno colidem, onde rostos misteriosos se fundem com horizontes alegóricos e tropicais, construindo um vocabulário visual que oscila entre o sombrio e o alegre, o claro e o ofuscado. Este é um mundo onde a dicotomia entre o visível e o invisível se desfaz, e cada pintura torna-se um portal para outras dimensões da percepção e da existência.
zxA exposição REAL IMAGINÁRIO não é apenas uma demonstração da habilidade de Diaz enquanto pintor, mas também uma celebração de sua capacidade narrativa, um aprofundamento na práxis de alguém que, durante toda a vida, contou histórias, seja através da atuação ou da pintura.
A diferença substancial é que, na tela, suas narrativas se desprendem das amarras do concreto e do lógico, permitindo um voo livre por entre camadas de significado e expressão, emergindo tanto do seu íntimo quanto do mundo ao seu redor.
Vamos, então, entre os dias 12 de outubro e 10 de novembro de 2023, na Casa da Cidadania da Língua, em Coimbra, explorar os recônditos de um universo onde o real e o imaginário coexistem e coabitam, não como entidades separadas, mas como aspectos integrados e essenciais da experiência humana.
Neste espaço, na companhia das obras selecionadas de Chico Diaz, seremos conduzidos por terrenos familiares e ao mesmo tempo estranhamente novos, onde cada pincelada, cada figura, cada cor nos convida a refletir, sentir e, sobretudo, encontrar-nos e perder-nos na vastidão do que é visível e invisível.
No espaço onde as expressões de Chico Diaz irão colorir nossas paredes e talvez, nossas percepções, com os matizes de seus “reais-imaginários”, esperamos pela sua visita.